Em 2023 comemora-se o 60º aniversário da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, e os 50 anos da entrada em vigor - no Primeiro Domingo do Advento de 1973 - da 1ª edição típica do Missal Romano, reformado conforme os decretos do mesmo Concílio e promulgado por São Paulo VI. A Igreja no Brasil, com grande alegria, oferece a todas as comunidades esta tradução da 3ª edição típica latina do Missal Romano, revista por São João Paulo II no contexto das festividades do grande Jubileu do ano 2000. Esta 3ª edição assumiu os documentos mais recentes da Sé Apostólica e, também, as várias necessidades de correções e acréscimos.
O longo processo de tradução, desde seu início até sua aprovação pela 59ª Assembleia Geral da CNBB (Aparecida/SP, de 28/08 a 02/09/2022), suscita louvor e gratidão a Deus por todas as pessoas que tomaram parte deste Ritual, movidas por grande amor pela Igreja e sua Liturgia, a qual tem por centro a celebração do mistério eucarístico. O Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, segundo suas competências, confirmou a presente tradução no dia 17 de março de 2023.
O Missal é fruto daquele desejo da Igreja de realizar uma acurada reforma geral da Liturgia, “para que o povo cristão possa receber com maior segurança graças abundantes na sagrada Liturgia” (SC 21). Ele garante a intrínseca relação entre lex orandi - lex credendi, pois a Igreja crê o que celebra. Por isso, no processo de tradução, houve um cuidado meticuloso para buscar as expressões mais adequadas que assegurassem fidelidade ao texto oficial latino, à língua portuguesa e à mentalidade cultural brasileira.
O Concílio Vaticano II foi um Concílio Pastoral e sobretudo eclesiológico porque ele vai refletir como a igreja se entende e uma vez que a igreja se entende como esse povo de Deus, corpo Místico do Senhor, nação de batizados, onde todos nós somos celebrantes por força do batismo, isso deve ficar explícito na nossa maneira de Celebrar. A missa é reflexo de como a igreja se enxerga. Portanto nós precisamos conhecer os documentos do Concílio ecumênico Vaticano II, porque toda a sua teologia vai está expresso em toda a liturgia, todas as orações do Missal, todos os ritos.
Precisamos entender que o Missal Romano não é só um livro, mas ele é uma coleção de livros que inclui também os lecionários. Quando nós pegamos o lecionário dominical, lecionário Santoral e lecionário semanal, todos eles fazem parte do Missal.
Como não dá para publicar todo um livro Só que ia ficar muito grande então o Missal Romano ficou como aquele que vai trazer os ritos e os Lecionários as Leituras.
Se a gente for pegar alguns outros rituais por exemplo ritual do batismo de crianças vocês vão ver que ali dentro do ritual está o lecionário com diversas possibilidades de leituras que podem ser feita durante a celebração do batismo, assim como do matrimônio.
Então vejam, são quatro livros e apenas o primeiro livro foi traduzido, foi reformulado. A Igreja tem agora um trabalho grande onde terá os outros três livros que também provavelmente sofrerão alteração uma vez que o Papa São João Paulo II quando pede essa terceira Edição, quando promulga a terceira Edição típica do Missal Romano ele vai dizer que seria importante que cada Conferência Episcopal tivesse uma tradução oficial da Bíblia e que essa tradução servisse não apenas a catequese mas também à liturgia para que o mesmo texto que a gente está lendo na catequese a gente ouvisse também na liturgia. Então a CTEL (Comissão Episcopal tradução dos Livros dos textos litúrgicos) deve se reunir para começar a dialogar sobre isso, sobre os próximos passos que serão dados principalmente de trazer a tradução da Bíblia da CNBB também para os lecionários. Quando isso vai acontecer aí eu já não sei, mas essa é a intenção.
O Missal é um Livro litúrgico que é um ritual, então o ritual nada mais é que o livro que elenca um conjunto de ritos e que vai nos trazer a ordem, a sequência dos ritos. e essa sequência é importante porque ela vai garantir que nós, a cada celebração, voltemos ao evento fundador, no caso o mandato de Jesus de tomar o pão, tomar o cálice, partir e repartir. Então, se cada Padre fizesse uma coisa diferente iria ser uma bagunça, nós íamos perder a referência, à essência, então o ritual é aquilo que garante a unidade da igreja.
Participar na liturgia significa compreender o que está sendo celebrado, então todos nós que estamos envolvidos na ação litúrgica, precisamos conhecer as normas litúrgicas, o sentido dos ritos e dos símbolos para podermos participar desse mistério. E conhecer o Missal romano a sua instrução, isso é fundamental para nós!
A primeira edição típica do Missal é publicada apenas 5 anos depois do Concílio já em 1970, foi um trabalho imenso que as primeiras comissões fizeram. Foi publicada Latim e todos os países traduziram para suas línguas vernáculas e em 1973 nós já tínhamos a tradução no Brasil.
Mas quando fazemos algo novo, não conseguimos suprir todas as lacunas, estas só vão ser identificadas com o uso, então 5 anos depois já viu-se os erros, as falhas as lacunas forçando o Papa Paulo VI a publicar já a Segunda Edição em 1975 que é a edição que nós utilizamos até hoje.
Essa segunda edição demorou praticamente 17 anos para ser publicada e traduzida, então foi só apenas em 1992 e ao longo desse tempo foi se vendo algumas correções que precisavam ser feitas, alguns acréscimos e por isso que o Papa São João Paulo II, em ocasião do Jubileu ordinário, o jubileu o ano santo, do ano 2000, autoriza publica a terceira Edição típica do Missal Romano que vai ser impressa apenas em 2002, é a partir desse livro que foram traduzido para nós. Esse livro, nós tivemos uma revisão em 2008 e a CETEL que é a comissão Episcopal de tradução dos textos litúrgicos se debruçou nesse livro para traduzir para nós. Essa terceira edição típica do Missal Romano vai entrar em vigor no primeiro domingo do tempo do advento do ano de 2023.
Dessa terceira tradução Edição típica do Missal Romano principalmente para Brasil:
Olhando agora a estrutura do Missal, o que nós temos de novo, em comparação a segunda edição:
O Missal pós Concílio Vaticano, também chamado de Missal de Paulo VI está dividido em três partes:
Então o Missal basicamente tá dividido nesses três grandes blocos e nós vamos ver o que mudou em cada um desses blocos.
Sinal Próprio
Sempre que for pegar em um Missal e for foliar ver-se que em vários lugares vai ter esse “Bezinho”, essa bolinha com esse B significa que aquele texto, aquela oração ou aquela rubrica é própria para o Brasil, foi um acréscimo da Conferência Episcopal. Por quê? Porque as conferências episcopais tem autorização, tem autonomia para inculturar, ou seja, para traduzir e colocar elementos próprios dos seus países, da sua cultura, da sua forma de celebrar. Os países vão enriquecendo, sem mudar o rito, mas vai enriquecendo esses formulários.
Os formulários completos para as Missas feriais do Tempo do Advento
. Aqui é algo interessante para padres e também para quem prepara o Missal. Antes no Missal na segunda edição a gente tinha primeiro os formulários do tempo dos Domingos do tempo do advento: primeiro domingo do Advento, segundo domingo do Advento, terceiro domingo e quanto domingo do advento, depois tinha os dias de semana. Você marcava no domingo aí chegava na segunda você tinha que ir lá para frente puxar a fitinha. Agora não, está tudo traduzido na sequência: primeiro domingo do Advento, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado. Em seguida, segundo domingo do Advento e com os formulários completos, porque, antes tínhamos apenas a coleta do dia e depois você tinha ali oração sobre as oferendas e pós-comunhão, comuns praticamente todas as semanas agora a gente tem formulário completos em todos os dias.
Ao lado temos uma imagem do Missal para vocês verem como que tá agora organizado.
A conclusão da coleta, sobre as oferendas e depois da comunhão uma conclusão mais simples: por Cristo nosso Senhor.
E assim cada página dessa vai ter um dia de todos os formulários do tempo do advento. Isso vai evitar a gente ficar mexendo com as fitas.
A Missa da Vigília da Epifania do Senhor ganhou um formulário próprio pra gente rezar no sábado à noite. Essa missa celebra-se na Tarde do dia que precede a solenidade ou antes ou depois das primeiras vésperas da epifania depois nós temos ainda no tempo da epifania uma missa da vigília. No Formulário completo dessa missa da vigília estão: a oração da coleta, oração sobre as oferendas, oração pós-comunhão e uma bênção solene.
Temos um novo texto para o anúncio da Páscoa na Epifania que estão lá nos apêndices. O padre ou o diácono pode proclamar aí esse anúncio da Páscoa e das datas móveis. Nós já tínhamos apenas um formulário que ficava no diretório da liturgia e agora ele veio para dentro do Missal para dizer é importante que se faça. E agora tem uma outra fórmula também que o padre pode escolher na epifania do Senhor. Após a proclamação do Evangelho O diácono ou o Cantor conforme a antiga tradição da santa igreja proclama do ambão as festas móveis do ano corrente de acordo com este texto. E ali vai trazer todas as datas importantes que nós celebramos na liturgia.
Temos também orientações para o tempo da Quaresma. Se pegarmos na segunda edição nós tínhamos apenas dois parágrafos que falava desse tempo, agora temos inúmeras orientações que foram colocadas. Os padres, as equipes de liturgia quando forem se preparar pro tempo da Quaresma vale a pena pegar e ler todas essas rubricas, essas orientações que foram acrescidas ao Missal.
Foram colocadas orações sobre o povo desde a quarta-feira de cinzas até a missa da quarta-feira da semana Santa. Quase todas elas foram trazidas, recuperadas do Missal de Pio quinto.
O que que são essas orações sobre o povo? São orações do qual o padre vai interceder, vai pedir pro povo penitente que tá ali vivenciando esse tempo da Quaresma.
No início da oração podemos ver a rubrica do Bezinho que é uma orientação que o Brasil colocou para que como a gente não tinha o costume de fazer essa bênção para que os padres pudéssemos saber certinho como fazer e criar uma unidade coma igreja.
No Lavapés antes na segunda edição nós tínhamos as pessoas escolhidas, nós tínhamos os homens escolhidos, o Papa Francisco já tinha mudado isso e agora tá colocado aqui que não são só homens, mas podem ser mulheres crianças, enfim para a missa do Lava-pés, aqueles 12 que terão os pés lavados.
Depois missas dos dias de semana formulários completos assim como no tempo do advento. Então nós vamos ter lá primeiro domingo da Páscoa depois segunda terça quarta e quinta. Á organização se tornou melhor, mais fácil.
A adequação ao segundo domingo da páscoa ou da Divina Misericórdia porque era uma festa instituída pelo Papa São João Paulo II que não estava no nosso Missal porque foi publicado antes, agora então já fez foi feita essa adequação.
Em Pentecostes nós temos a missa da vigília e tínhamos a missa do dia e nós tínhamos a missa da vigília em forma prolongada que ficava lá no apêndice, assim como na vigília Pascal nós tínhamos lá várias leituras com seus Oremos, no apêndice nós tínhamos essa vigília prolongada que agora para valorizar ela vem pro corpo do texto.
Então vai ter lá a missa da vigília aí vai ter o formulário da missa da vigília em forma prolongada e a missa do dia e nós vamos ter as orientações de como fazer essa missa.
Temos uma nova fórmula para saudação Inicial.
Veja um Bezinho aí que é próprio do Brasil. Tínhamos várias fórmulas que o padre usava na saudação, agora teremos essa nova que tem como inspiração o livro do apocalipse a passagem Ap. 1,8: a graça e a paz daquele que é que era e que vem estejam convosco e nós respondemos: bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Mais uma opção para os padres fazerem na saudação inicial da missa.
No Ordinário da Missa: A mudança na primeira forma do Ato Penitencial, o Confesso a Deus: “por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”, respeitando o original latino; Houve uma pequena mudança na oração proferida por toda assembleia quando professa o ato penitencial, recuperando a fórmula originária.
Na segunda edição tinha sido suprimido uma minha culpa, mas o número três na tradição da igreja significa Plenitude, ele é simbólico.
Vamos ter um acréscimo muito interessante na conclusão da oração, tornando-se um pouquinho maior. Nela se proclama duas verdades de fé de uma forma mais clara:
Alteração no texto, com a separação da descrição do sacrifício do sacerdote e do povo, pois cada um possui um sacrifício específico.
Foram mantidos os 10 prefácios e acrescidos 12 novos prefácios.
Os prefácios dos anjos e de São José que ficavam no bloco dos prefácios, agora vão para o ciclo eclesiológico. O prefácio de São José vai para festa de São José, o Prefácio dos Anjos vai para a festa dos anjos.
Nas orações eucarísticas algumas respostas foram suprimidas, em particular na oração eucarística um e na três, porque tínhamos algumas orações que acabavam quebrando o texto.
Então só para termos um exemplo: vejam que no meio aí tem a resposta do povo: abençoai nossa oferenda, ó Senhor, essa oração foi suprimida. Observamos que foram acrescidas algumas palavras, dando mais solenidades à oração.
Na oração eucarística I, também tivemos uma significativa alteração, dando maior dignidade a Virgem Maria, especificando a importância dela para Igreja.
Nesta oração especifica-se qual é a condenação. Ou seja, não é qualquer condenação, não é a condenação do próximo nem a própria condenação, mas a condenação eterna, pedido para livrar do inferno.
Na epiclese foram acrescidas algumas palavras visando aproximar mais do texto original em latim.
Também uma alteração significativa, acrescentando antes da palavra "mãos" os adjetivos santas e veneráveis, dignificando ainda mais a mão que abençoara, mão que curaram, mãos que foram transpassadas pelos cravos.
A mesma coisa ocorre antes da consagração do cálice.
Outra coisa importante principalmente para nós que participamos da celebração os fiéis leigos é que antes o padre falava: Eis o mistério da fé e a nós tínhamos três respostas que a gente poderia dar: anunciamos senhor a vossa morte ou todas as vezes comemos deste pão. Agora não, e o porquê? porque cada vezes o animador ou grupo de música puxava uma resposta e a assembleia puxava a outra. Agora a resposta vai ser determinada pela fórmula ou pela introdução que o padre fizer. Agora nós temos essas três fórmulas, não tem mais “Eis” porque às vezes dava a impressão de que o mistério da Fé era a questão da transubstanciação simplesmente, mas não, o Mistério da fé é o mistério de todo o projeto salvífico do qual a Presença real faz parte.
Também teremos diversos formulários novos para as missas, para as diversas circunstâncias. Então se nós vamos fazer uma missa, em especial pelo aniversário do casamento de alguém, a gente vai ter orações: oração da coleta, oração sobre as oferendas, oração pós-comunhão. Formulários próprios pelas famílias, pelos religiosos sobretudo nos seus jubileus, pelas vocações à Vida Religiosa e as ordens Sacerdotais, para pedir castidade e também qualquer necessidade. Então nós temos, já tínhamos vários formulários, agora a gente tem um enriquecimento desses formulários. Pra gente rezar missas com intenções específicas.
Outra coisa importante principalmente para nós que participamos da celebração os fiéis leigos é que antes o padre falava: Eis o mistério da fé e a nós tínhamos três respostas que a gente poderia dar: anunciamos senhor a vossa morte ou todas as vezes comemos deste pão. Agora não, e o porquê? porque cada vezes o animador ou grupo de música puxava uma resposta e a assembleia puxava a outra. Agora a resposta vai ser determinada pela fórmula ou pela introdução que o padre fizer. Agora nós temos essas três fórmulas, não tem mais “Eis” porque às vezes dava a impressão de que o mistério da Fé era a questão da transubstanciação simplesmente, mas não, o Mistério da fé é o mistério de todo o projeto salvífico do qual a Presença real faz parte.
Também uma mudança na nomenclatura da Bem-aventurada Virgem Maria resgatando aquilo que é o Dogma Mariano, então bem-aventurada Virgem Maria de Lourdes, de Fátima, de Guadalupe, da Conceição Aparecida. Então esse ajuste também porque antes era apenas Nossa Senhora, Nossa Senhora Aparecida. Agora é Bem Aventurada tornando um pouco mais teológico essas nomenclaturas.
Inúmeros novos Santos que foram acrescidos, porque desde a publicação da segunda edição até hoje, foram canonizados muitos Santos sobretudo no Brasil que na segunda edição não tínhamos nenhum Santo canonizado, tínhamos apenas alguns beatos e agora esses nomes então foram colocados.