A missa, ou celebração da Eucaristia, não é a oração de um só homem, pois já não basta rezar só em casa; a igreja sempre foi e continua sendo a casa de Deus e o lugar de oração em comunidade. Jesus frequentava o Templo em Jerusalém com Maria, José e os Apóstolos. Jesus já dizia: "se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, o que seja, conseguirão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles" (Mt 18, 19-20).
É bom que cada fiel católico entenda bem cada parte da missa a fim de que a Santa Eucaristia não se constitua em um mero rito mecânico, onde as pessoas só "copiam" o que as outras fazem (gestos, sinal da cruz, genuflexão, etc.) sem entender exatamente o que está acontecendo. A missa é igual para toda a Assembleia, mas a maneira de cada um participar pode ser diferente, pois depende da fé que as pessoas têm e também do grau de formação na religião. Às vezes vamos fazendo muitas coisas sem saber por quê. Para participar da missa com fé e alegria, além da sua formação catequética básica, o fiel deve conhecer todas as etapas da liturgia da missa, pois ninguém ama o que não conhece.
O objetivo desta página é de apresentar alguns fundamentos básicos da liturgia da missa a fim de que o católico tire todo o proveito espiritual que a Santa Eucaristia oferece para todos nós, a quase dois milênios. O católico deve ser, sobretudo, um fiel bem informado; se não nos salvarmos a culpa é nossa, já dizia São João Crisóstomo!.
(Doc. 43, n° 203-210; IGMR n° 16-26; CIC n° 1324-1327)
A celebração da Missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal quer local, como para cada um dos fiéis. Nela culmina toda a ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, bem como todo o culto pelo qual os homens, por meio de Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo, prestam adoração ao Pai. Nela se comemoram também, ao longo do ano, os mistérios da Redenção, de tal forma que eles se tornam, de algum modo, presentes. Todas as outras ações sagradas e todas as obras da vida cristã com ela estão relacionadas, dela derivam e a ela se ordenam.
Cân. 899 - § 1. A celebração da Eucaristia é ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual, pelo mistério do sacerdote, o Cristo Senhor, presente sob as espécies de pão e de vinho, se oferece a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis unidos à sua oblação.
No episódio dos discípulos de Emaús (cf 24.13-33), temos portanto, os traços principais da atual celebração eucarística, onde podemos identificar duas mesas (IGMR 28):
Os ritos que precedem a liturgia da palavra têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Sua finalidade é fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembleia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia.
Esquema ritual (Doc. 43, n° 231; IGMR n° 46):
(Doc. 43, n° 237-242; IGMR n° 47-48)
Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote com o diácono e os ministros, inicia-se o cântico de entrada. A finalidade deste cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos e introduzi-los no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo tempo acompanhar a procissão de entrada do sacerdote e dos ministros. Não havendo canto de entrada, recitar a antífona de entrada proposta no Missal.
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:
- O canto: Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento. Através da música participamos da missa cantando. A música não é simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda assembleia durante os cantos.
- A procissão: O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que se quer chegar.
- O beijo no altar: Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar em sinal de carinho e reverência por tão sublime lugar. Por incrível que possa parecer, o local mais importante de uma igreja é o altar, pois ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias guardadas no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um altar para consagrá-las.
(Doc. 43, n° 243-245; IGMR n° 49-50)
Chegando ao altar o sacerdote e os ministros fazem a devida reverência, isto é, inclinação profunda, ou genuflexão, quando houver tabernáculo com o Santíssimo Sacramento. Em seguida em sinal de veneração o sacerdote e o diácono beijam o altar, e o sacerdote o incensa se for oportuno. A seguir, o sacerdote e toda a assembleia fazem o sinal da Cruz. Por fim, o sacerdote, pela saudação, expressa a comunidade reunida a presença do Senhor.
- Sinal da Cruz: O presidente da celebração e a assembleia recordam-se porque estão celebrando a missa. É, sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao seu amor. Nenhum motivo particular deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima Trindade.
- Saudação: O Sacerdote saúda a comunidade reunida anunciando a presença de Jesus. Esta saudação e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida. Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo. O encontro eucarístico é movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é encontro com os irmãos. Logo após, feita a saudação do povo, o sacerdote, o diácono, ou um ministro leigo, pode com brevíssimas palavras introduzir os fiéis na Missa do dia.
(Doc. 43, n° 246-255; IGMR n° 51)
O ato penitencial é feito por toda a comunidade com uma fórmula de confissão geral e termina com a absolvição do sacerdote; esta absolvição, porém, carece da eficácia do sacramento da penitência. Tem como função preparar a assembleia para “ouvir a Palavra de Deus e celebrar dignamente os santos mistérios”
Além de celebrar a misericórdia divina, duas atitudes básicas podem ser sublinhadas: o reconhecer-se pecador, culpado e necessitado de purificação, na atitude do publicano descrita em Lucas 18,9-14, e o reconhecer-se pecador como expressão de “temor” diante da experiência do Deus Santo e Misericordioso, a exemplo de Pedro, conforme Lucas 5,8 e Isaías 6,1-7.
Aos domingos, particularmente, no tempo pascal, em lugar do ato penitencial de costume, pode-se fazer, por vezes, a bênção e aspersão da água em recordação do batismo.
(Doc. 43, n° 256; IGMR n° 52)
Canta-se o Senhor, tende piedade de nós (Kýrie, eléison), a não ser que já tenha sido incluído no ato penitencial. Dado tratar-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia, é normalmente executado por todos, em forma alternada entre o povo e o coro ou um cantor.
(Doc. 43, n° 257; IGMR n° 53)
O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja glorifica a Deus Pai e ao Cordeiro. Não constitui uma aclamação trinitária. Não é permitido substituir o texto deste hino por outro.
Canta-se ou recita-se nos domingos fora do Advento e da Quaresma, bem como nas solenidades e festas, e em particulares celebrações mais solenes.
(Doc. 43, n° 258; IGMR n° 54)
Oração presidencial importante, podendo ser cantada. O sacerdote convida o povo a rezar (Oremos) tomando consciência de que estamos na presença de Deus e interiormente fazemos nossos pedidos. Todos oram, junto com o sacerdote, num momento de silêncio. Depois, abrindo os braços, o Sacerdote diz a oração do Dia que se costuma também chamar de “coleta”. “Coleta das intenções que cada um realizou”.
A Oração do dia exprime a índole da celebração e dirige uma súplica a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Na liturgia romana, se inclina a cabeça quando aparece o nome de Jesus de Maria e quando se faz referência a Santíssima Trindade.
Regras de Inclinação:
Inclinação de cabeça: olhar para os pés usando um pouco o ombro
Inclinação profunda: se quisesse tocar os joelhos seria capaz.
Não existe celebração na liturgia cristã em que não se proclame a Palavra de Deus. Isto porque a Igreja antes de tornar presente os mistérios de Cristo ela os contempla. Pela palavra, Deus convoca e recria o seu povo, através de uma resposta de conversão da parte de quem a ouve.
“A parte principal da Palavra de Deus é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos Cânticos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Pois nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual.; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelos cânticos, o povo se apropria dessa palavra de Deus e a ele adere pela profissão de fé. Alimentado por esta palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro” (IGMR 33).
A liturgia da palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de silêncio, de acordo com a assembleia reunida, pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração.
Para compreendermos melhor a liturgia da Palavra é necessário distinguir entre a liturgia dominical e a liturgia dos dias da semana. A primeira é dividida em três anos, nos quais a Igreja procura ler toda a Bíblia. A primeira leitura e o evangelho tratam geralmente do mesmo assunto, para mostrar Jesus como aquele que leva à plenitude a antiga aliança; o salmo, é uma meditação da leitura, uma espécie de comentário cantado - daí ser insubstituível; a segunda leitura é feita de forma semi-contínua, sempre extraída da carta do apóstolo. Já a liturgia dos dias da semana não apresenta a segunda leitura, e toda a Bíblia é lida todos os anos.
A Liturgia da Palavra é um diálogo entre Deus e o seu Povo e é subdividida em:
(Doc. 43, n° 263-273; IGMR n° 57-60)
Nas leituras põe-se aos fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se-lhes os tesouros da Bíblia. Convém, por isso, observar uma disposição das leituras bíblicas que ilustre a unidade de ambos os Testamentos e da história da salvação; não é lícito substituir as leituras e o salmo responsorial, que contêm a palavra de Deus, por outros textos não bíblicos. Segundo a tradição, a função de proferir as leituras não é presidencial, mas ministerial. Por isso as leituras são proclamadas por um leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou, na ausência deste, por outro sacerdote.
A leitura do Evangelho constitui o ponto culminante da liturgia da palavra. Deve ser-lhe atribuída a maior veneração. Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura das outras com honras especiais, quer por parte do ministro encarregado de a anunciar e pela bênção e oração com que se prepara para o fazer, quer por parte dos fiéis que, com as suas aclamações (Doc. 43, n° 270; IGMR n° 62-64), reconhecem e confessam que é Cristo presente no meio deles quem lhes fala, e, por isso, escutam a leitura de pé; quer ainda pelos sinais de veneração ao próprio Evangeliário.
- Primeira Leitura: Passagem tirada do Antigo Testamento (parte bíblica que prepara a vinda do Messias).
- Segunda Leitura: Passagem tirada do Novo Testamento, de uma das cartas (epístolas) dos Apóstolos (Filipenses, Gálatas, Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, etc)
(Doc. 43, n° 274; IGMR n° 61)
A primeira leitura é seguida do salmo responsorial, que é parte integrante da liturgia da palavra e tem, por si mesmo, grande importância litúrgica e pastoral, pois favorece a meditação da Palavra de Deus. O salmo responsorial corresponde a cada leitura e habitualmente toma-se do Leccionário. Convém que o salmo responsorial seja cantado, pelo menos no que se refere à resposta do povo
(Doc. 43, n° 281-282; IGMR n° 65-66)
A homilia (que significa conversa familiar) é parte integrante da Liturgia da Palavra e, como tal, fica reservada ao sacerdote ou ao diácono. Esclarece a mensagem da Palavra de Deus anunciada, mas deve provocar a comunidade a aprofundar a fé, conversão no seguimento de Cristo e a uma ativa participação na Eucaristia, a fim de que vivam sempre de acordo com a fé que professam.
(Doc. 43, n° 275-280; IGMR n° 67-68)
O Símbolo ou Profissão de fé, na missa, tem por objetivo levar o povo a dar o seu consentimento e resposta à Palavra de Deus ouvida nas leituras e na homilia, bem como recordar-lhe a regra da fé antes de iniciar a celebração da Eucaristia.
Símbolo niceno-constantinopolitano, que deveria ser usado mais frequentemente.
(Doc. 43, n° 283-285; IGMR n° 69-71)
A Oração dos fiéis ou Oração universal, de modo geral, tornou-se nas comunidades um momento bom, variado e de bastante participação, “onde o povo, exercendo a sua função sacerdotal, reza por toda a humanidade.
Normalmente, será esta a ordem das intenções:
a) pelas necessidades da Igreja;
b) pelas autoridades civis e pela salvação do mundo inteiro
c) por aqueles que se vêem a braços com dificuldades;
d) pela comunidade local
No entanto, em alguma celebração especial, tal como Confirmação, Matrimônio, Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias. As intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropriado, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração em silêncio.
Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante ela a Igreja irá tornar presente o sacrifício que Cristo fez para nossa salvação. Não se trata de outro sacrifício, mas sim de trazer à nossa realidade a salvação que Deus nos deu. Durante esta parte a Igreja eleva ao Pai, por Cristo, sua oferta e Cristo dá-se como oferta por nós ao Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.
Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o sacerdote, representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz.
Toda LE está montada sobre as palavras do Nosso Senhor Jesus Cristo:
“Cristo na verdade, tomou o pão e o cálice em suas mãos, deu graças, partiu o pão e deu-os aos seus discípulos dizendo: ‘Tomai, comei, isto é o meu Corpo, este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de mim’. Por isso, a Igreja dispôs toda a celebração da liturgia eucarística em partes que correspondam às palavras e gestos de Cristo: 1) no ofertório leva-se o pão e o vinho com água, isto é, os elementos que Cristo tomou em suas mãos; 2) na oração eucarística rendem-se graças a Deus por toda obra salvífica e o pão e vinho tornam-se o Corpo e o Sangue de Cristo; 3) pela fração do mesmo pão manifesta-se a unidade dos fiéis, e pela comunhão recebem o Corpo e o Sangue do Senhor como os discípulos o receberam das mãos do próprio Cristo” (IGMR 48).
É durante a liturgia eucarística que podemos entender a missa como uma ceia, pois afinal de contas nela podemos enxergar todos os elementos que compõem uma: temos a mesa - mais propriamente a mesa da Palavra e a mesa do pão. Temos o pão e o vinho, ou seja o alimento sólido e líquido presentes em qualquer ceia. Tudo conforme o espírito da ceia pascal judaica, em que Cristo instituiu a eucaristia.
E de fato, a Eucaristia no início da Igreja era celebrada em uma ceia fraterna. Porém foram ocorrendo alguns abusos, como Paulo os sinaliza na Primeira Carta aos Coríntios. Aos poucos foi sendo inserida a celebração da palavra de Deus antes da ceia fraterna e da consagração. Já no século II a liturgia da Missa apresentava o esquema que possui hoje em dia.
(Doc. 43, n° 289-297; IGMR n° 73-77)
Ao iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons, que se vão converter no Corpo e Sangue de Cristo, bem como as ofertas materiais como gesto de caridade e principalmente oferta pessoal (espiritual) para que Deus santifique. Contudo, o verdadeiro ofertório realiza-se na oração eucarística.
Analisemos inicialmente os elementos do ofertório: o pão o vinho e a água. O que significam? De fato foram os elementos utilizados por Cristo na última ceia, mas eles possuem todo um significado especial:
Os tempos da preparação das oferendas:
- Bendito sejais...
- e o povo aclama: Bendito seja Deus para sempre!
Este momento passa despercebido da maioria das pessoas devido ao canto do ofertório. O ideal seria que todo o povo participasse desse momento, sendo o canto usado apenas durante a procissão e a coleta fosse feita sem as pessoas saírem de seus locais. O canto não é proibido, mas deve procurar durar exatamente o tempo da apresentação das oferendas, para que o sacerdote não fique esperando para dar prosseguimento à celebração.
(Doc. 43, n° 299-306; IGMR n° 78-79)
É neste momento que se inicia o ponto central e culminante de toda a celebração, a Oração eucarística, que é uma oração de ação de graças e de consagração. O sacerdote convida o povo a elevar os corações para o Senhor, na oração e na ação de graças, e associa-o a si na oração que ele, em nome de toda a comunidade, dirige a Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo.
Estrutura da Oração Eucarística (298 Doc. 43):
(Doc. 43, n° 310-317; IGMR n° 80-89)
Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu Corpo e Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados. Esta é a finalidade da fração do pão e os outros ritos preparatórios, pelos quais os fiéis são imediatamente encaminhados à Comunhão.
(Doc. 43, n° 318-326; IGMR n° 84-88)
Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu Corpo e Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados. Esta é a finalidade da fração do pão e os outros ritos preparatórios, pelos quais os fiéis são imediatamente encaminhados à Comunhão.
Orientação: Deve-se ter muito cuidado, distribuição do dom precioso do corpo de Cristo; A comunhão pode ser recebida nas mãos ou na boca, tendo o cuidado de, no primeiro caso, a mão que recebe a hóstia não ser a mesma que a leva a boca. Aqueles que por um motivo ou outro não comungam é importante que façam desse momento também um momento de encontro com o Cristo. Após a comunhão segue-se a ação de graças, que pode ser feita em forma de um canto de meditação ou pelo silêncio, que dentro da liturgia possui sua linguagem. O que não pode é esse momento ser esquecido ou utilizado para conversar com que está ao nosso lado.; antes de comungar, o fiel manifeste sua adoração ao Cristo que vai receber. (Reverência, genunflexão, joelhos); O fiel tem o direito de receber a comunhão de joelhos; São Cirilo de Jerusalém ensina como receber a comunhão nas mãos. Faz-se um trono, em forma de berço e cruz. Ele compara com fragmentos de ouro, as partículas do corpo do Senhor; Não é adequado fazer a pinça, pegar a hóstia antes de ser depositada na mão esquerda; Erro em fazer reverencia ao sacrário.
Oração pós-comunhão – Esta oração liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia tudo que se manifestou perante a assembléia durante a celebração. Nela, pede a Deus que nós colhamos os frutos do que foi celebrado.
O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três elementos:
Antes da Reforma Litúrgica, o padre celebrava a Missa de costas para o povo, ficando de frente para o sacrário.Após essa reforma, o padre fica de frente para o povo.
O papa Bento XVI tem incentivado, então, a utilização de uma cruz sobre o altar voltada para o sacerdote para que tanto ele quanto todo o povo lembrem-se que Cristo é o principal, é o centro de toda a celebração.
O fato de estar voltado para o povo não quer dizer que o sacerdote esteja celebrando “para o povo”, mas sim oferecendo ao Pai com todo o povo de Deus o sacrifício de Cristo que se renova na Santa Missa.
Colocar o crucifixo sobre o altar é, então, uma forma de fazer com que povo e sacerdote se recordem sempre do sentido da celebração litúrgica e também possibilitar que o padre celebre tanto voltado para o povo (pois fica de frente para o povo) como também voltado para Deus (representado pelo crucifixo sobre o altar).
Confira pequenos trechos dos livros “Introdução ao Espírito da Liturgia” e “Teologia della Liturgia”, onde o papa explica suas motivações para essa prática:
“A cruz deveria encontrar-se no meio do altar, sendo o ponto de vista comum para o sacerdote e para a comunidade orante. Assim, seguimos a antiga exclamação de oração no limiar da Eucaristia “Conversi ad Dominum” - voltai-vos para o Senhor. Desta maneira olhamos juntos para Aquele cuja morte rasgou o véu – para o que está diante do Pai por nós e que nos abraça, fazendo de nós templos vivos. Considero as inovações mais absurdas das últimas décadas aquelas que põem de lado a cruz, a fim de libertar a vista dos fiéis para o sacerdote. Será que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o sacerdote é mais importante que o Senhor? Este erro deveria ser corrigido o mais depressa possível, não sendo precisas para isso nenhumas reconstruções. O Senhor é o ponto de referência. Ele é o Sol nascente da História. A cruz pode ser a da paixão, que presencia Jesus que por nós deixou transpassar seu lado, donde derramou sangue e água – eucaristia e batismo – tal como pode ser a cruz triunfal, que reflete a ideia do regresso, guiando o nosso olhar para Ele. Pois é sempre o mesmo Senhor Jesus Cristo, é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade (Hb 13,8).”
(Joseph Ratzinger - Introdução ao espírito da Liturgia)
"A idéia de que o padre e as pessoas devem olhar-se mutuamente em oração surgiu apenas no cristianismo moderno, e é completamente estranho à antiga. O sacerdote e o povo certamente não rezam um ao outro, mas para o único Senhor. Então na oração olham na mesma direção: ou para o Oriente como um símbolo cósmico do Senhor que vem, ou onde isso não for possível, em direção a uma imagem de Cristo na abside, ou ainda a uma cruz, ou simplesmente para o céu, como o Senhor fez em sua oração sacerdotal da véspera de sua paixão (Jo 17, 1). Enquanto isso está, felizmente, sendo aceita cada vez mais a proposta que fiz no final do capítulo do meu livro: não avançar com novas transformações arquitetônicas, mas simplesmente pôr a cruz no centro do altar, para a qual possamos, sacerdotes e fieis, olhar juntos e nos deixar guiar de tal modo que juntos rezemos voltados para o Senhor."
(BENTO XVI, Teologia della Liturgia, Prefacio da Edição Italiana)
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Imagem de: www.cibo-spir.blogspot.com)
pPrimeiramente, é necessário saber que em todas as Orações Eucarísticas, o que se segue é o toque dos sinos, durante o gesto da Epiclese, isto é, daquele em que o sacerdote que preside, impõe as mãos sobre as oferendas, como que formando uma “pomba” e não é com o sinal do traçado da cruz, que vem seguida, mas pelo gesto e pelas palavras de invocação do Espírito Santo que, em todas as orações eucarísticas, acontece antes das palavras da consagração, com o verbo “santificar”, seja na forma infinitiva, imperativa ou, sobretudo, invocativa.
As exceções acontecem justamente a Oração Eucarística usada apenas no Brasil, do Congresso Eucarístico de Manaus (V), que não usa o verbo “santificar”, mas pede que “mande” o Espírito Santo. As outras, uma sobre a reconciliação e duas para missas com crianças usam de palavras que se referem à misericórdia divina e as outras duas à paternidade amorosa de Deus, também usam os verbos mandar, enviar, respectivamente.
Em todas elas, o “estender as mãos” e, só em seguida, traçar o sinal da cruz são os momentos apropriados e para os quais os coroinhas (ou acólitos instituídos) devem estar atentos, para poderem tocar os sinos, como sinal para que a assembleia se ajoelhe.
Na Oração Eucarística I ou Cânon Romano: Dignai-vos, ó Pai, aceitar e santificar estas oferendas...
Na Oração Eucarística II: Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito...
Na Oração Eucarística III: Santificai pelo Espírito Santo as oferendas que vos apresentamos...
Na Oração Eucarística IV: ... nós vos pedimos que o mesmo Espírito Santo santifique estas oferendas...
Na Oração Eucarística V: ... mandai o vosso Espírito Santo, a fim de que as nossas ofertas se mudem...
Na Oração Eucarística VI-A (Para Diversas Circunstâncias): ... que envieis o vosso Espírito Santo para santificar estes dons...
Na Oração Eucarística VI-B (Para Diversas Circunstâncias): ... que envieis o vosso Espírito Santo para santificar estes dons...
Na Oração Eucarística VI-C (Para Diversas Circunstâncias): ... que envieis o vosso Espírito Santo para santificar estes dons...
Na Oração Eucarística VI-D (Para Diversas Circunstâncias): ... que envieis o vosso Espírito Santo para santificar estes dons...
Na Oração Eucarística VII (Sobre a Reconciliação I): ... olhai vosso povo aqui reunido e derramai a força do Espírito, para que estas ofertas se tornem...
Na Oração Eucarística VIII (Sobre a Reconciliação II): Cumprindo o que ele nos mandou, vos pedimos: Santificai, por vosso Espírito, estas oferendas.
Na Oração Eucarística IX (Para Missas com crianças I): ... pedimos que mandeis vosso Espírito Santo para que estas ofertas e tornem...
Na Oração Eucarística X (Para Missas com crianças II): Enviai, ó Deus nosso Pai, o vosso Espírito Santo para que este pão e este vinho...
Na Oração Eucarística XI (Para Missas com crianças III): ... mandai vosso Espírito Santo para santificar este pão e este vinho...
A Instrução Geral do Missal Romano, por exemplo, determina que “os fiéis se ajoelhem durante a consagração” (nº 43). E no nº 79, alínea c, explica: “… a epiclese, na qual a Igreja implora por meio de invocações especiais a força do Espírito Santo, para que os dons oferecidos pelo ser humano sejam consagrados, isto é, se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo”.
O ficar de joelhos é uma norma invariável e aplicada a todos os fiéis e para os clérigos abaixo e a partir do grau de Diácono: A Instrução Geral sobre o Missal Romano (IGMR) assim se expressa na sua última edição (2003): “A partir da epiclese até a apresentação (elevação) do cálice, o diácono normalmente permanece de joelhos” (n. 179b).
O Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, no número13, nos ensina que: “neste horizonte, compreende-se a função decisiva que tem o Espírito Santo na celebração eucarística e, de modo particular, no que se refere à transubstanciação. É fácil de comprovar a consciência disto mesmo nos Padres da Igreja; nas suas Catequeses, São Cirilo de Jerusalém recorda que “invocamos Deus misericordioso para que envie o seu Santo Espírito sobre as oblações que apresentamos a fim de Ele transformar o pão em corpo de Cristo e o vinho em sangue de Cristo. O que o Espírito Santo toca, é santificado e transformado totalmente”.(Catequese 23, 7: Patrologia Grega 33, 1114s.) Também São João Crisóstomo assinala que o sacerdote invoca o Espírito Santo quando celebra o Sacrifício: (Cf. Sobre o sacerdócio, 6, 4: PG 48, 681.) à semelhança de Elias, o ministro atrai o Espírito Santo para que, “descendo a graça sobre a vítima, se incendeiem por meio dela as almas de todos”.(Ibid., 3, 4: o.c., 48, 642.) É extremamente necessária, para a vida espiritual dos fiéis, uma consciência mais clara da riqueza da anáfora: esta, juntamente com as palavras pronunciadas por Cristo na Última Ceia, contém a epiclese, que é invocação ao Pai para que faça descer o dom do Espírito a fim de o pão e o vinho se tornarem o corpo e o sangue de Jesus Cristo, e para que “a comunidade inteira se torne cada vez mais corpo de Cristo”.(Propositio 22.) O Espírito, invocado pelo celebrante sobre os dons do pão e do vinho colocados sobre o altar, é o mesmo que reúne os fiéis “num só corpo”, tornando-os uma oferta espiritual agradável ao Pai.”(Cf. Propositio 42: “Este encontro eucarístico realiza-se no Espírito Santo, que nos transforma e santifica. Ele desperta no discípulo a vontade decidida de anunciar aos outros, com desassombro, tudo o que ouviu e viveu, para conduzi-los, também a eles, ao mesmo encontro com Cristo. Deste modo o discípulo, enviado pela Igreja, abre-se a uma missão sem fronteiras”.).
Mas, afinal o que é a Epiclese? A Epiclese ou Epíclese (do grego antigo: ἐπίκλησις - epíklesis, fusão das palavras pí e kaleô: "chamar sobre") é a oração de invocação que pede a descida do Espírito Santo nos sacramentos. É a invocação que se eleva a Deus para que envie o seu Espírito Santo e transforme as coisas ou as pessoas. Também do latim, in-vocare.
Na Oração Eucarística da Missa há duas epicleses (cf. IGMR 79c):
a) a que o sacerdote pronuncia sobre os dons do pão e do vinho, com as mãos estendidas sobre eles, dizendo, por exemplo: “Santificai estes dons, derramando sobre eles o Vosso Espírito, de modo que se convertam, para nós, no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Oração II) – e a epiclese “consacratória”; outras Orações Eucarísticas pedem que o Espírito “torne”, “abençoe”, “santifique”, “transforme” o pão e o vinho;
b) a que o sacerdote diz na mesma Oração Eucarística, depois do memorial e da oferenda, pedindo a Deus que de novo envie o seu Espírito, desta vez sobre a comunidade que vai participar da Eucaristia, para que também ela se transforme, ou se vá construindo na unidade: “humildemente Vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos pelo Espírito Santo congregados na unidade” (Oração II) – e a epiclese “de comunhão”, que, noutras Orações Eucarísticas, pede que “sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito”; “Derramai sobre nós o Espírito… fortalecei o vosso povo com o Corpo e o Sangue do vosso Filho e renovai-nos a todos à sua imagem”… Estas duas epicleses, nas Anáforas orientais e na da liturgia hispano-moçárabe, estão unidas e dizem-se depois do relato da instituição. Enquanto que na liturgia romana – e em algumas das orientais, como a alexandrina – situam-se uma antes da consagração e a outra depois. Foi um enriquecimento que, agora, no rito romano, se tenha decidido nomear claramente o Espírito na primeira epiclese, nas novas Orações Eucarísticas: no cânon romano, existe a invocação a Deus, mas sem, explicitamente, nomear o Espírito. A epiclese não faz só parte da Eucaristia. A oração consacratória central de todos os sacramentos, depois da anamnese ou memória de louvor a Deus, contém sempre a oração de epiclese, pois, invocando a força do Espírito nos sacramentos, estamos reconhecendo que é Deus quem salva e que o protagonismo é da ação do seu Espírito santificador.
No Catecismo da Igreja Católica (CIC), a epiclese também é explicitada:
§1105 A epiclese ("invocação sobre") é a intercessão na qual o sacerdote suplica ao Pai que envie o Espírito Santificador para que as oferendas se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo, e para que ao recebê-los os fiéis se tomem eles mesmos uma oferenda viva para Deus.
§1353 Na epiclese ela pede ao Pai que envie seu Espírito Santo (ou o poder de sua bênção) sobre o pão e o vinho, para que se tornem, por seu poder, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, e para que aqueles que tomam parte na Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito (certas tradições litúrgicas colocam a epiclese depois da anamnese). No relato da instituição, a força das palavras e da ação de Cristo e o poder do Espírito Santo tornam sacramentalmente presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, seu sacrifício oferecido na cruz uma vez por todas.
Atentos ao gesto de impor as mãos sobre as oferendas, os acólitos tocam os sinos (ou sinetas) na igreja e todos se ajoelham, pois é a descida do Espírito Santo sobre as espécies do pão e do vinho sobre o altar.
Juntamente com o momento seguinte, no qual o sacerdote toma em suas mãos, primeiro o pão e, depois, o cálice com o vinho, repetindo as mesmas palavras que o Senhor pronunciou durante a Última Ceia, a epiclese atualiza o momento sagrado, no tempo e no espaço, em que a Hóstia sobre o Altar se transforma no Corpo de Cristo, e o Vinho dentro do Cálice se transforma no Sangue de Cristo.
Este é um momento sacratíssimo! Nossos olhos e nossos corações devem estar fixos para o altar. Ali, a poucos metros de nós, está acontecendo o maior milagre da face da terra: o Nosso Deus mais uma vez se digna descer do Céu e vir até nós, pobres pecadores, para dar-Se a nós como Alimento e Penhor da Eternidade!
Jamais nos deixemos levar pelas distrações, ou pelo cansaço, ou pelas preocupações, ou por qualquer outra situação. Estejamos atentos com os olhos do corpo e da alma!
Bibliografia:
ALDAZÁBAL, José. A Eucaristia. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.
AUGÉ, Matias. Liturgia – História, Celebração, Teologia, Espiritualidade. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1996.
BENTO XVI. Summorum Pontificum. São Paulo: Ed. Paulinas. Nº 191, 2007.
__________. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis. São Paulo: Ed. Paulinas. Nº 190. 2007.
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Ed. Loyola, 2000.
CNBB. Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. Brasília: Ed. CNBB, 2008.
JOÃO PAULO II. Encíclica Ecclesia de Eucharistia. São Paulo: Ed. Paulinas. Nº 185, 2003.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao espírito da Liturgia. Prior Velho –Portugal: Ed. Paulinas. 2010.